O primeiro F5 de 2017, promovido pela ABRADI-RS, trouxe a consultora Luciana Bazanella para falar sobre o trend report apresentado ao mercado com algumas das principais tendências do SXSW.
Empatia e diversidade têm sido temas onipresentes nos eventos deste ano. Nunca é demais quando a quebra de paradigmas precisa ganhar escala e acontecer em múltiplos níveis. No SXSW não foi diferente. A edição 2017 teve como temas centrais política, inteligência artificial, desemprego estrutural, espaço e diversidade.
Good is the new cool
Praticamente o mantra das novas gerações. Não basta mais apenas terem um discurso interessante. As marcas precisam fazer o bem, oferecer algo efetivamente positivo, e isso precisa ser autêntico. O discurso sem ação não cola mais.
E quem disse que eu sou o outro?
Assim como vimos no Planner Summit, o público já não pode mais ser segmentado somente com base em critérios demográficos e sócio-econômicos. A diversidade de verdade nos ambientes é a única maneira eficiente de quebrar a hegemonia vigente, trazendo interseccionalidade e representatividade.
Projetos como Elephant on Mad Ave. e The Elephant in the Valley mostram a disparidade que ainda existe simplesmente entre homens e mulheres, sem levar em conta diferenças maiores como cor da pele, orientação sexual ou identificação de gênero.
Questionar os padrões nos ajuda a destravar o poder da criatividade e é, inclusive, bom para os negócios! Quando a Avon abraçou a diversidade nas campanhas da marca, o volume de pedidos superou dos últimos 4 anos. Ou seja: não, o mundo não ficou chato, ele só tem ficado menos violento e mais inclusivo. A presença do tema nas tendências do SXSW apenas confirma sua relevância.
O meio é a mensagem
Fluidez é a palavra-chave. A mídia imita a vida, as edições ficam pra trás e o conteúdo, além de êfemero, é muito mais autêntico. Ferramentas como o Facebook e o Youtube são palco para os novos criadores de conteúdo, que surgem diariamente e aos montes, e essas pessoas falam de coisas que nunca se falou antes, mostram seus universos e seus pontos de vista, que antes não tinham visibilidade.
Um celular, uma conexão com a internet e uma boa ideia são suficientes para qualquer um ter visibilidade, formar base de seguidores e tornar-se relevante.
Com isso em mente, os negócios precisam se reinventar. Marcas tradicionais revisam suas práticas para permanecer no diálogo contemporâneo. A Nat Geo, por exemplo, deu autonomia aos seus 81 fotógrafos, permitindo que todos publiquem na conta do Instagram da revista sem pauta e sem planejamento. O controle editorial é zero e o resultado é tão espontâneo quanto pertinente.
Realidade é percepção
Algoritmos, bolhas, fake news. Nosso próprio subconsciente é responsável por 60% do que percebemos e por isso a realidade de cada um é única. Tudo a ver com a palavra do ano passado, pós-verdade.
Esse ambiente abre espaço para metodologias diversas de checagem de fatos e através do crowdsourcing surgem iniciativas como a Aos Fatos, que tem como objetivo principal averiguar declarações de políticos e autoridades de expressão nacional, a fim de verificar se eles estão falando a verdade ou não.
No universo das marcas, ter isso em mente na hora de planejar ajuda a identificar e entender as bolhas em que cada público está imerso e assim trabalhar as campanhas para que funcionem dentro da realidade de cada um.
O assunto fica ainda mais complexo quando pensamos que a realidade virtual e a realidade aumentada, cada vez mais difundidas, acrescentam novas camadas de informação às nossas vidas, alterando as realidades e percepções individuais de formas que ainda nem imaginamos.
Humano ou ciborgue?
Com essas novas camadas, estamos expandindo sensações e chegando a uma era pós-material.
O conceito de ciborgue é um organismo com partes orgânicas que precisa também de partes cibernéticas ou tecnológicas para funcionar. Quase como um indivíduo e seu celular. A internet das coisas (IoT) torna-se mais presente na vida das pessoas. Com isso, o ser humano passa a ter mais partes tecnológicas. Cabe definir se estamos em uma obsolescência programada ou em uma espécie de evolução programada.
Deep learning e machine learning já são realidades e em um futuro não tão distante é possível que robôs virtuais assumam diversas tarefas operacionais do nosso dia-a-dia, permitindo um melhor aproveitamento de tempo e capacidades intelectuais.
A discussão é longa e profunda. A mensagem que fica, das tendências do SXSW 2017, é que precisamos começar a pensar o futuro de forma exponencial e não estruturada. Se você também quer trilhar esse caminho, converse com a gente!
Por Tássia Porto, com a colaboração de Tatiana Brugalli.